sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Rogo aos jovens

As epístolas de Pedro são notadamente conhecidas por tratar dos sofrimentos que os cristãos em toda terra padecem em favor do nome de Cristo. Alguns dão bastante ênfase à palavra de Pedro aos presbíteros. Poucos, entretanto, atentam para uma palavra especial, dedicada aos jovens: “Rogo igualmente aos jovens: sede submissos aos que são mais velhos; outrossim, no trato de uns com os outros, cingi-vos de toda humildade, porque Deus resiste aos soberbos, contudo, aos humildes concede a Sua graça. Humilhai-vos, portanto, sob a poderosa mão de Deus, para que ele, em tempo oportuno,  vos exalte” (1 Pedro 5:5-6).

Servo de Deus

Pedro conhecia seu chamamento. O Senhor o buscou à beira da praia, para fazê-lo pescador de homens (Marcos 1:16-17). Ele foi designado para ser apóstolo (Lucas 6:13). Pedro, quando imaturo, sentia-se forte e absoluto por seu chamamento, mas negou o Senhor, mesmo diante das pessoas mais simples (Mateus 26:35, 74). Ao ressuscitar, o Senhor mandou uma palavra a Seus discípulos e a Pedro em especial (Marcos 16:7). Ele viu o Senhor ainda naquele dia, mas, após poucos dias, desistiu de tudo e foi pescar (João 21:3). Depois do Pentecostes, depois do crescimento da igreja em Jerusalém e do estabelecimento das igrejas na Judéia, Pedro ainda era capaz de resistir ao Senhor e manter sua posição a respeito do que o Senhor lhe falava (Atos 10:14). Os evangelhos, o livro de Atos e até mesmo a carta de Paulo aos gálatas apontam tantas situações e manifestações negativas de Pedro, que parecia impossível que ele pudesse avançar no Senhor. Em suas epístolas, entretanto, vemos uma pessoa diferente. Pedro foi transformado por meio das várias provações por que passou. Por fim, podia ajudar outros, de maneira humilde, como Deus queria, e não segundo sua própria vontade (1 Pedro 5:1-3).

Jovens, nós fomos chamados! O Senhor nos escolheu e nos predestinou para uma viva esperança (1 Pedro 1:3). O mesmo Deus que operou eficazmente em Pedro, e o tornou maduro, estável e útil, quer trabalhar em nós. Precisamos estar abertos ao operar de Deus. Essa abertura não se dá por repetirmos algumas palavras de ordem ou pularmos em algumas reuniões. De maneira prática, se você deseja que Deus faça algo em sua vida, deve submeter-se aos mais velhos, especialmente a seus pais e irmãos responsáveis da igreja em que se reúne. Você também precisa cingir-se de humildade no trato para com outros jovens, isto é, abandonar todo tipo de competição, de comparação, de auto-exaltação. Você precisa abdicar dos modismos, das “panelinhas”, das coisas que o separam, de alguma forma, de outros jovens e irmãos da igreja.
Essa palavra é apresentada por Pedro como um rogo, e não na forma de mandamento. O jovem que atende a esse rogo tem uma porta aberta para se tornar um servo de Deus, experimentado, genuíno, como Pedro se tornou. Ser um servo de Deus não é um assunto de ser treinado ou obter alguma informação especial, mas de conhecer, desfrutar Deus e ser transformado. Todos somos filhos de Deus, e Ele nos ama. Mas chegará o dia em que o Senhor, como reto juiz e sol da justiça, terá de distinguir entre aquele que O serve e aquele que não O serve; entre aquele que amadureceu e aquele que permaneceu insubmisso (Malaquias 3:18). Jovens, ouçamos o rogo de Pedro, e do Senhor, e tomemos esse caminho, pois, assim, o Deus de toda a graça, depois de termos sofrido por um pouco, nos há de aperfeiçoar, firmar, fortificar e fundamentar (1 Pedro 5:10).

O sacerdócio real

O objetivo de Deus, ao apresentar-nos essa direção, não é apenas fazer-nos pessoas boas, corretas. Ele deseja gerar ministros que sirvam à igreja, que é Sua casa. Pedro nos mostra que fomos feitos pedras que vivem a fim de ser edificados casa espiritual e sacerdócio santo (1 Pedro 2:5). No Antigo Testamento, o sacerdócio santo foi dado à casa de Arão, e o serviço da casa de Deus, à tribo de Levi. No meio de uma situação de confusão e rebelião, Arão foi o primeiro a tomar o lado do Senhor, e a tribo de Levi o seguiu. Eles estavam dispostos a lidar com a própria carne em favor dos interesses de Deus (Êxodo 32:26-28). Hoje, somos uma nação santa, sacerdócio real, povo de propriedade exclusiva de Deus. Por isso servimos a Deus, pois somos Dele (1 Pedro 2:9). Vários jovens entre nós têm obtido sucesso em seu serviço na propagação do evangelho do reino. Alguns na África, outros na Europa e até mesmo no Canadá. Muitos têm recebido responsabilidade na igreja em sua cidade e desempenham bem seu serviço. Por outro lado, muitos estão galgando posições importantes nas organizações seculares. São pós-graduados, mestres e PhDs. Ainda jovens, já ocupam cargos de confiança em instituições financeiras e multinacionais. Tudo isso é resultado da bênção de Deus. Entretanto, precisamos ser sóbrios e vigilantes, para que nenhum de nós se exalte e venha a sucumbir ao engano do inimigo (1 Pedro 5:8). Antes, devemos reconhecer que tudo o que recebemos vem de Deus, pertence a Deus e é para a igreja. Além disso, o Senhor quer produzir um sacerdócio real, um serviço corporativo, em que nenhum sacerdote aparece, mas somente o Senhor é manifestado.

Nosso sacerdócio real consiste em que sirvamos hoje, com toda humildade, para que, na volta do Senhor, recebamos o galardão do reino. A igreja é a realidade do reino dos céus. Sua manifestação será no reino milenar. Quando o Senhor se manifestar em glória, então seremos glorificados com Ele e receberemos nossa porção como co-reis (Colossenses 3:4). Até lá, porém, somos sacerdotes, ministros, cuja única porção é o Senhor (Números 18:20).

Humilhai-vos

Pedro, de fato, foi transformado. O resultado de sua experiência, escrito em suas epístolas, é um modelo para nós. Estamos sobre os ombros de Pedro e das gerações passadas. Não precisamos sofrer para perceber que devemos humilhar-nos sob a poderosa mão de Deus. O mundo nos ensina a buscar lugares mais altos, ser agressivos, obstinados, os melhores, bem-sucedidos. Nós, porém, já vimos nosso lugar em Cristo. Ele tem cuidado de nós (1 Pedro 5:7). Agora buscamos uma consagração genuína, diária, pois, se com Ele sofrermos, com Ele também reinaremos. Por isso, devemos praticar a Palavra com sinceridade e pureza de coração, recebendo a direção dos irmãos responsáveis e servindo a igreja com toda a humildade. Jovens, quando aprendemos a lição da humilhação, o caminho é aberto para alcançarmos nossa herança, nossa coroa sem mácula, incorruptível, que está reservada nos céus para nós (1 Pedro 5:4; 1:4).

A Palavra escrita é aberta

Irmãos, escolhei dentre vós sete homens de boa reputação, cheios do Espírito e de sabedoria, aos quais encarregaremos deste serviço (At 6:3)

2 Co 3:2-6


Para ser ministro da nova aliança, Paulo precisou ser equipado com as palavras do Novo Testamento. Uma vez que recebeu as visões e revelações, ele as deixou por escrito em suas epístolas, e podemos desfrutá-las ainda hoje.
Em 2 Coríntios 3:6, Paulo escreveu: "O qual nos habilitou para sermos ministros de uma nova aliança, não da letra, mas do espírito; porque a letra mata, mas o espírito vivifica". Usando o princípio de que a letra mata, mas o Espírito dá vida, podemos afirmar que as verdades bíblicas são registradas em forma de letra, mas, como ministros da nova aliança, devemos recebê-las usando nosso espírito para ganhar vida. As palavras escritas deixadas pelos servos do Senhor no passado devem ser tomadas no espírito. Desta maneira, essas palavras registradas serão abertas a nós e assimiladas como vida. Para isso o Senhor levanta os ministros da nova aliança.

Devemos lembrar que a palavra "ministro" em grego é diákonos, que também pode ser traduzida por "diácono", que é ligada à palavra "serviço" no grego. Quando os primeiros diáconos foram designados em Atos 6, eles foram escolhidos dentre os irmãos que tinham boa reputação, isto é, tinham bom testemunho, e eram cheios do espírito (v. 3). Hoje, Deus precisa de ministros da nova aliança, que vivem no espírito, de modo que o que foi deixado por Deus para nós por escrito se torne vida e nos transforme!

Todos temos de aprender a usar nosso espírito humano mesclado com o Espírito de Deus. Se usarmos letra para explicar letra, encontraremos morte. Os que permanecem na esfera da letra vivem na alma natural caída. Mas, graças ao Senhor, há um grupo de pessoas que são ministros da nova aliança, são diáconos, que servem de fato nas igrejas e vivem no espírito! Essas pessoas entendem a vontade de Deus e são capazes de transformar a letra em vida. O desejo de Deus é que todos busquem o crescimento na vida divina, que a vida da alma diminua e a vida de Deus aumente em nós.

(PS: Palavra Extraída do Alimento Diário)